bote fé no velhinho (não o papai noel!)

você lembra quando foi a última vez que ouviu uma banda de rock inventiva - de verdade? difícil não? depois do último espasmo de criatividade do estilo , no meio/fim dos anos 90 (mais notadamente pelo nirvana),que tudo o que foi produzido no mundo da música com guitarras desde então não passa de mera repetição ou diluição do que foi feito em décadas anteriores...não à toa que bandas antigas estão voltando. parece inacreditável, mas os grandes acontecimentos no mundo rock em 2007 foram as voltas de bandas como the police , jesus and mary chain e o show de reunião do led zeppelin. isso em um ano que contou com os bons lançamentos de gente com arctic monkeys, klaxons, pj harvey, interpol...

reunidos para uma única apresentação no O2 arena, em londres, como homenagem à ahmet ertgun,fundador da atlantic records falecido ano passado (gravadora por onde a banda gravou todos os seus discos), o led zep foi o único que aparentemente escapou da armadilha caça - níqueis que permeia todo retorno de uma grande banda do passado...tanto que robert plant, vocalista do grupo, rechaçou totalmente a ídéia de um retorno definitivo do grupo...ainda bem.

e se há uma desculpa para que eles não retornem mais é o novo álbum-solo de plant, 'raising sand',ponto alto de uma carreira que, longe do zep, viveu sempre à sombra do fantasma de seu ex-grupo e da irregularidade.

milhas de distância do blues eletrificado e das experiências com música oriental do passado, ele e a cantora e compositora de bluegrass norte-americana alisson krauss investem numa muitíssimo bem sucedida aventura folk e country,costurada de maneira magistral pelo veterano produtor t-bone burnett.

os únicos momentos - aparentes- de concessão ao passado de plant estão em 'fortune teller' ,coverizada por um sem número de artistas ingleses,como the who e stones , e em ' please read the letter' , gravada junto com jimmy page em 1998 no álbum 'walking into the clarksdale'.

nas demais faixas , se destacam o casamento artístico perfeito de plant e krauss, principalmente em 'stick with me baby', cover dos early brothers.

e krauss alcança um momento de genialidade na sublime 'sister rosetta goes before us' , de sam philips...momentos de delicadeza e sensibilidade, a melhor faixa do álbum.

mais difícil que catar uns caraminguás a mais à custa do passado , é se reiventar e criar algo relevante - e conseguir êxito com isso. tudo que falta às bandas de hoje.parabéns pro velhinho!

karlheinz stockhausen (1928 - 2007)

o nome stockhausen não será só lembrado pelas experiências concretistas com música clássica , mas sim pelo poder de sua obra ter transdecido o gênero.provalvelmente ele foi o avô da música eletrônica, já que seus pais mais conhecidos ,os alemães do kraftwerk ,nunca negaram ter sido influenciados pelo formato e construção das peças criadas por ele. pode se dizer que stockhausen foi o representante da eletrônica na música clássica , numa época em que qualquer viés experimental ou que fugisse do tradicionalismo deste meio era tachado de loucura ou transgressão barata.

apesar de geralmente associado à música eletrônica de vanguarda, quando se trata de sua influência na música pop,seu alcance foi muito mais amplo. as aclimatações minimalistas em álbuns como 'sgt. peppers' ,por exemplo -algumas das colagens na capa do disco são suas- e inserções de sons incomuns em canções de curta duração são derivadas diretas do estilo 'stockhausen' de composição.

tão controverso quanto suas obras, era capaz de declarações chocantes, como a que deu na época dos atentados de 11 de setembro: ' foi uma das maiores obras de arte que o ser humano pôde presenciar.'

o maior legado que stockhausen deixará será sua atitude perante à música e a vida : seja livre!!!

Happy New Year!!!

ao contrário do que se diz por aí, o ano de 2007 (assim como 2006,2005,2004...) foi muito bom para as artes - sobretudo para quem sabe procurar e/ou buscar saídas além do óbvio.para não escapar do cliché(desse ninguém consegue mesmo, haja visto que nesta época do ano todo mundo aproveita para refletir, enumerar as cagadas realizadas e planejar as próximas para depois do carnaval), segue ladeira abaixo os melhores do ano sob a ótica deste que vos digita...quais foram os favoritos de vocês?

discos da gringa:

-'untrue' burial

-'sound of silver' lcd soundsystem

-'in rainbows' radiohead

-'era vulgaris' queens of the stone age

-'favorite worst nightmare' arctic monkeys

-'icky thump' white stripes

-'neon bible ' arcade fire

-'idealism' digitalism

-'maths and english' dizzie rascal

-'attack decay sustain release' simian mobile disco

-'our love to admire' interpol

-'white chalk' pj harvey

discos locais:

-' a amarga sinfonia do superstar' superguidis

-' chega de falsas promessas' canastra

-'la rumba computer' nego moçambique

-'chromophobia' gui boratto

-'fome de tudo' nação zumbi

-'teletransporte' autoramas

filmes:

-'tropa de elite'

-'planeta terror'

-'control'

-'piaf'

-'saneamento básico,o filme'

livros:

-'rockers' bob gruen

-'tim maia ' nélson motta

gigs:

-the killers(tim festival)

-lcd soundsystem(circo voador)

-devo(planeta terra)

-joão brasil(estrela da lapa)

-arctic monkeys(tim festival)

-the police(maracanã)

piaf

era uma mulher livre, sem marido fixo, sem família ou filhos, colecionando amantes (em geral jovens bonitões como Ives Montand ou George Moustaki), e que entregou-se para sempre à música. tornou-se a grã-sacerdotisa da canção popular francesa do pós-guerra, com direito à corte permanente e tudo o mais. uma das suas mais exemplares e comoventes interpretações foi o 'L´Hymne à l ´amour', hino ao Amor, no qual ela expressou a perda irreparável do seu amado marcel cerdan, um campeão de boxe franco-argelino que morrera num desastre aéreo em 1949.

nascida em 1915,era uma mulher à frente de seu tempo. além do espírito libertário (presente tanto na sua música quanto na sua vida pessoal- nas atitudes e na forma de ver o mundo),piaf foi um dos principais símbolos do renascimento francês após a desastrosa experiência na IIa. guerra mundial.

flexível a ponto de se adaptar as circunstâncias da vida (passou por privações na infância,maternidade precoce - foi mãe aos 17 anos - e depois no auge,dominada pelo vício irremediável em morfina e álcool),foi descoberta cantando nas tabernas e cúbiculos ,e seu canto e sua música expressavam claramente todo o sofrimento não só de sua vida ,mas também do lugar onde nasceu,daí seu sucesso (autêntico).

filmar essa cipituca toda,transformá-la numa adaptação para o cinema digna do ícone edith piaf não foi das tarefas mais fáceis,a começar pelo direito de uso de suas canções ,de propriedade de alguns de seus herdeiros. mas 'la vie en rose' é uma pérola cinematográfica, que traz como grande destaque a atuação de marion cottilard (foto),que praticamente 'incorpora' a personagem principal,de maneira tão ou mais brilhante que jamie foxx no também biográfico 'ray' (sobre a vida e obra de ray charles,um dos maiores cantores e compositores norte-americanos da história).cotillard, de 32 anos, se transforma em Edith Piaf dos 18 aos 47 anos de idade, quando morreu com aparência de mais de 80 anos,consumida pelo vício. a capacidade de transformação da atriz é assombrosa. essa realidade é chocante às vezes, mas traz garantia certa de emoção, realidade e lágrimas.

a única coisa que cotillard não conseguiu foi trazer de volta a voz inconfundível de piaf - nesse ponto 'ray' leva vantagem- mas esse não deixa de ser um grande filme para os amantes do cinema e da música.

viagem fantástica...

falar sobre o burial significa também mostrar a quem não conhece as raízes do dubstep,estilo que une as ambiências e camadas de efeitos do dub jamaicano - via eletrônica - com o groove urbano e a sensualidade do 2 step inglês,desde o início desta década.o resultado?pode ser um tanto quanto 'stoned',com batidas quebradas,cortes bruscos e efeitos pra lá de barulhentos,estranhos,como pode ser cheio de atmosferas,nublado,com sintetizadores e computadores derramando sons do fim do mundo,de uma cidade fantasma...totalmente anti-pop,como tudo que foi criado de interessante em se tratando de música moderna,é oriundo das periferias e subúrbios das grandes cidades inglesas - o som dos guetos visto sob uma ótica futurística.feito para ser ouvido em enormes soundsystems,numa noite de chuvisco...

em julho de 2002 ,a revista americana XLR8R pôs pela primeira vez o nome do estilo em sua capa,dedicando as principais matérias a apresentar ao grande público as características e os principais nomes do gênero.mas foi no ano passado que o 'hype' em cima do dubstep se tornou mais forte ,graças ao lançamento do álbum de estréia do álbum homônimo do burial,eleito o melhor do ano pela revista inglesa uncut...apesar de todos os elementos comuns ao gênero,este solitário dj inglês (que faz suas músicas usando apenas seu laptop e um software gratuito)explorava um lado pessoal inaudito em faixas de seus contemporâneos - skream,kode9,para citar alguns nomes- e o clima cinematográfico presente em cada composição,deixando muito evidente sobre que clima e condições elas tinham sido feitas.com resultado tão genial,rapidamente se tornou 'best-seller'do gênero e biblia imediata para neófitos.

'untrue',segundo álbum lançado há duas semanas,investe pesado no sentimento...impossível não se emocionar com as vozes que surgem do nada -como uma espécie de lamento- e somem sem que possamos nos despedir delas,melodias lindíssimas,e como contraponto a todos esses elementos, batidas e baixos pesadíssimos,criados para atingir em cheio a alma de quem ouve.outro grande mérito do álbum é que se consegue identificar à primeira vista que o que se ouve é burial,um trunfo e tanto num gênero estremamente alternativo como o dubstep,e o fato de agregar outros estilos como o drum n'bass ,ambient,soul e trip-hop sem jamais perder o rumo.

após uma breve introdução(com uma voz desesperada que diz 'i see the lights!',como que almejando uma fuga),somos brindados com os breaks pesados , a bela melodia e o vocal soul de 'archangel',uma espécie de 'unfinished symphathy'(massive attack) dos tempos modernos,desde já um clássico instantâneo.'ghost hardware' carrega pesado no clima de dança solitária no escuro,com a tradicional levada do dubstep,e repleta de samples vocais.'endorphin' e 'uk' são exercícios pesados na ambient music,mas mostrando que por trás de uma máquina pulsa um coração.a faixa-título evoca um depeche mode do futuro,caso eles fossem negros e tivessem nascido num gueto londrino. e a minimal 'the raver',que fecha o disco, consegue ter a mais bela frase de sintetizador escrita nos últimos anos,tão bonita que dói.

o lcd soundsystem e seu 'sound of silver' acabaram de perder a peleja,no final do jogo...

disco do ano!!!

no apagar das luzes...

2007 já foi pro saco,essa é a verdade...não são poucas as publicações ,sites e críticos preparando as suas listas de melhores do ano,como se não houvessem mais novidades ou lançamentos interessantes nessa época de festas natalinas.a verdade mesmo é que ,em se tratando de música e o lado comercial que o cerca - mais precisamente a venda de álbuns- a indústria fonográfica mudou seu foco e tanto artistas quanto gravadoras estão buscando alternativas ao padrão de 'gravação- lançamento-turnê' ou mesmo tentando tornar esse esquema atrativo e parecendo novo aos nossos olhos...taí o radiohead que não me deixa mentir.antes reservados para o fim de todo ano,os novos álbuns de artistas do primeiro escalão estão sempre à mercê do fracasso numa época em que tudo está sempre disponível 'for free' na internet,alimentado por uma geração que se acostumou a não pagar por arte alguma,seja o filme do bope ou o disco da banda 'capa do n.m.e.' na semana passada.para comprovar- e rechaçar- todo esse argumento,dois lançamentos de relevância no music business,deixados propositalmente para esse fim de festa...um a favor e um contra.

o duo (desde 2000) underworld,se não foi o maior expoente do' booom' da música eletrônica no final dos anos 90,foi o que deixou a faixa mais representativa desde período ,a explosiva e atemporal 'born slippy',quase uma 'satisfation' para os amantes dos blips e beats eletrônicos.nem mesmo a saída de darren emerson ,no final de 2000,fez com que karl hyde e rick smith desanimassem,lançando em 2002 o bom 'beacoup fish',com outro clássico instantâneo,'push upstairs' e coisas bastante significativas como 'jumbo'.depois disso decidiram sair de cena ,lançando esparsamente singles através de seu site ,assinando como riverun e colaborando para a trilha sonora do filme de anthony minghella 'breaking and entering' (o mesmo autor de 'o paciente inglês' ),junto com o músico gabriel yared.

'oblivion with bells' ,o novo álbum depois de cinco anos ,é uma decepção enorme para um grupo com o currículo acima.na verdade,ele caberia em um compacto duplo...começa de forma empolgante com 'crocodile'-o primeiro single- e 'beautiful burnout',que utiliza de forma única breakbeats pesados,clima viajante e vocal como instrumento(umas das melhores músicas do grupo).depois disso a receita desanda e o clima de trilha sonora impera,convidando o ouvinte a uma viagem que muitas vezes não leva a lugar algum -caso específico de 'to heal',disparado a pior faixa do álbum.resta apenas ao ouvinte esperar pelo próximo,e ver se embarcaram de vez no clima de viagem sem volta,ou se mostrarão a mistura coesa e equilibrada entre beats e climas de trabalhos anteriores.

dizzee rascal é inglês ,das ruas - com credibilidade,diga-se de passagem- e um dos patriarcas do grimme,uma espécie de 'freestyle' à britânica,com influências massivas(e maciças) de drum n'bass e ragga.ex-delinquente juvenil,trocou a loucura e a criminalidade dos subúrbios londrinos pela realidade da vida transformada em música.precisou apenas de 2 álbuns('boy in da corner',2003 ,e 'showtime',2004)para se tornar a figura mais representativa do rap produzido na terra do brit pop.

'maths and english', o novo álbum da figura ,é uma bomba sonora sem precedentes na história do hip-hop britânico,com cara de divisor de águas,e com recados destinados aos alvos certos-fãs,amigos,indústria.misturando seu tradicional grimme com outros elementos outrora distantes do estilo que pratica(va),dizzee brada a quem quiser ouvir:'há um mundo lá fora e eu quero conhecê-lo!'('world outside').dá espaço ao rock-em 'temptation',com a participação de alex turner,dos macunianos modernos do arctic monkeys,é engraçado na medida certa em 'wannabe',duetando com lily allen,cospe referências à velha guarda (especificamente public enemy e de la soul)na repleta de groove 'pussyole (old school)' e homenageia o jungle aqui e ali,como que para relembrar que o drum n' bass um dia já foi underground,antes de mudar o nome e ver a credibilidade diluída em água por patifes e gente mais que duvidosa...

se não bastasse tudo isso,traz a participação do trio de rappers norte-americanos(heresia para os britânicos!)UGK,de houston ,para duelarem no grimme 'where's the g's?',a faixa com mais estofo underground do álbum.

abrangente e irretocável,de longe o melhor álbum de rap/hip-hop do ano,o disco que figuras como 50 cent jamais conseguirão fazer...

credibilidade se adquire,não se compra,'cerrrto'?

hype machine

em tempos de internet e globalização da informação,quem não está antenado/conectado às novidades fica para trás...a cultura pop-sobretudo a música- foi,sem dúvida,uma das mais afetadas com esse bombardeio de informações ,via my space,sites de compartilhamento de arquivos e quejandos...tente lembrar da infinidade de bandas-artistas novos que você conheceu nos últimos três ou cinco anos...e que sub-gêneros musicais como o grimme ,dubstep e new rave (só para citar exemplos mais clássicos)sequer teriam o alcance que tiveram não fosse a grande rede.a quantidade é tão grande que se torna praticamente impossível dar conta.

a própria rede tem buscado soluções para essa realidade , e uma das mais bacanas é o hype machine.uma espécie de meta-blog que reflete informações dos melhores blogs de música do planeta.quer descobrir uma banda nova que ninguém ouviu ainda?ele faz isso pra você...um serviço que procura links pra MP3 mundo afora (quase nada no Brasil), publica uma lista quase instantânea do que está achando na rede, aponta para os blogs onde os links estão e descobre se estão à venda em Amazon, eMusic ou iTunes. mas não só: o hype machine “sintoniza” um blog, uma busca e os últimos links agregados por ele pra você como se fosse um playlist. o “tocador” do site manda a música no contexto, ligando o que você ouve ao blog e ao texto, no blog onde o link está, sobre a canção. assim, você pode “ouvir” uma busca por fela kuti (114 links, menos de 10 ativos), um blog como Mars Needs Guitars (centenas de links ativos) ou deixar o Hype Machine ir “tocando” pra você o que ele estiver encontrado nos blogs que varre.

o hype machine está entre os principais sites relacionados com música ,de acordo com a lista do jornal inglês observer...há quem diga até que tem tudo para se tornar o novo kazaa,que hoje está infestado de arquivos contendo vírus e cavalos-de-tróia.um exagero...mas é uma excelente pedida para todos aqueles que acham que música boa pode ser encontrada em qualquer parte do globo,das ilhas seichelles até a esquina da sua casa.

http://hypem.com/

coachella news

o ano sequer acabou e os organizadores do festival norte-americano coachella já revelaram as datas da próxima edição do evento...entre 25 e 27 de abril do próximo ano,os californianos poderão se deleitar com as inúmeras atrações(line-up ainda indefinido) que,segundo rumores,devem contar com a participação da lendária(já?)banda escosesa my bloody valentine,do hoje integrante do primal scream kevin schelds,que anunciaram seu retorno aos palcos na última quarta-feira.

vale lembrar que , na edição deste ano ,o festival presenciou,além de perfomances de bjork,sonic youth,CSS e interpol,o retorno arrebatador aos palcos de outra importante banda da terra dos sarongues,o jesus and mary chain.e que a cada ano que passa ,o evento ganha em importância,devendo rivalizar em pouco tempo com o festival de glastonbury,na inglaterra.

garota nacional

os ingleses adoram listas...o NME,principal semanário musical por lá,publicou essa semana mais uma: a dos mais cool do ano,e a brasileira lovefoxx(foto),do cansei de ser sexy,ficou em terceiro lugar...talvez isso ajude a desviar um pouco as atenções da banda da treta envolvendo o ex-empresário eduardo ramos,a quem o baterista adriano cintra acusa do desvio de cachês de shows e venda de álbuns,e colabore para que façam um merecido bom show no planeta terra,festival que rola este fim-de-semana em sampa...

por falar na tal listinha...os dez mais:

10 - Keith Richards, The Rolling Stones 09 - Beth Ditto, The Gossip 08 - Amy Winehouse 07 - Kate Nash 06 - Alex Turner, Arctic Monkeys 05 - Lethal Bizzle 04 - Ryan Jarman, The Cribs 03 - Lovefoxxx, CSS 02 - Jamie Reynolds, The Klaxons 01 - Frank Carter, Gallows

a chatice que satisfaz...

sem sombras de dúvidas o rock herdou muita coisa do jazz...a experimentação,redefinição do próprio estilo enquanto música(o prog jamais teria o sufixo 'rock' nas décadas de 50/60,quando este nasceu derivado do blues negro como música pra dançar,sinônimo de escapismo puro e diversão sem compromisso-afinal a letra de 'tutti frutti' significa o quê?),esgotamento criativo...sem contar que a chapação de gente como keith richards fica parecendo brincadeira de criancinha perto dos experimentos físicos/sonoros de um miles davis via heroína e opiáceos afins.

em se tratando de misturar esses dois mundos tão próximos e distantes ao mesmo tempo,certas bandas tem muito com que se preocupar.afinal de contas,nada mais contraditório que um metaleiro dos 80/90's querendo bancar o músico sério fazendo música complicada ou o jazzista escolado bancando o adolescente,tocando riffs sem sal,tentando mostrar 'punch' e vitalidade.num coletivo onde todos os músicos são cultos então nem se fala:ou você vira um gênio,ou um chato pretensioso.

é meio nessa corda-bamba que tenta se equilibrar o quarteto novaiorquino battles.todos com cacife e background de grandes músicos(com passagens por bandas como Don Caballero,caso do fundador,Ian Williams;Helmet -o baterista John Steiner;Tyondai Braxton,multinstrumentsta filho do famoso jazzista Antony Braxton; e o desconhecido guitarrista Dave Knopka) e idéias meio loucas e nada convencionais na cabeça a pôr em prática no álbum 'mirrored'(foto).

musicalmente falando,o álbum é uma puta zona,com canções que se encaixariam perfeitamente num 'remake' de um 'contatos imediatos do terceiro grau' feito pelo quentin tarantino.a faixa de abertura,'race in'(que cita de leve, o tema do 'arquivo x',no limite extremo do plágio) é uma boa idéia do que vem a seguir: as composições todas levadas no esquema 'vamos ver no que dá',sem preocupações maiores com melodia,quebras de ritmo surpreendentes e experimentações típicas de ensaio,inclusive nos vocais -a cargo de braxton ,que faz uso deles como se fosse mais um instrumento - resultando em coisas brilhantes como 'snare hangar',misturando medeski,martin e wood e blues explosion, e chatices do quilate de 'atlas',o primeiro single(que de tão maleta é até legal).dá até pra imaginar a cena dos músicos chapadões no estúdio,sorrindo uns para os outros e tocando o que vem à cabeça...e é exatamente esse climão descompromissado que dá ao álbum um saldo positivo.

make some noise!

esse é o nome da série de 13 episódios que estréia hoje no multishow,contando a histórias de pessoas reais,empenhadas em colocar em prática idéias a respeito de música,meio ambiente ,cultura e sociedade.todas muito jovens! se você tem um mínimo de preocupação com o próximo,vai se identficar de cara...

cada capítulo conta três histórias diferentes...passa desde a filantropia de uma menina,que organiza um evento cultural para angariar fundos para países pobres,no primeiro episódio,até uma campanha de um adolescente alertando aos pais e a mídia para o número de suicídios entre jovens,algo crescente no canadá(onde a série foi produzida),e um snowboarder que cria uma cera ecologicamente correta para as pranchas de neve usadas na prática do esporte.

outro aspecto bacana é que foi dado aos participantes e produtores da série total liberdade para contar suas histórias,sem preocupação com cortes, edição,filmagem e texto,o que aumenta e dá o tom perfeito para a realidade da coisa...

a trilha sonora foi selecionada entre um arquivo sonoro com mais de 5 mil músicas de bandas independentes e sessenta delas estão disponíveis no site do canal.

gato por lebre

dia desses onde trabalho foi colocado um cd no player...geralmente isso acontece quando a rádio interna não funciona bem ou flopa de vez(toca até umas coisinhas legais de vez em quando,um stone roses aqui ou um fila brazilla acolá,mas nada de assustar,mera formalidade pra 'fazer o ambiente', linha musak).tinha umas babas características de fm -james blunt,gwen stefani,e medalhões como u2 e green day...mas quando chegou o vocal,a surpresa:nenhum deles estava cantando...

o procedimento é simples:gravadoras pequenas da ásia utilizam-se deste artifício há anos,a fim de capitalizar mais rápido em países do chamado terceiro mundo.pega-se algumas faixas do que estiver em alta no momento,retira-se o vocal em algum estúdio,ou utiliza-se um programa de computador chamado phantom(funciona como estúdio virtual),refaz-se o vocal com cantores que tenham o estilo parecido ou próximo ao original e voilá:você tem um produto nas mãos pronto para ser embalado em coletâneas de maiores sucessos-inclusive com os créditos indo para outras bandas/cantores;vende-se o disquinho como se fosse de covers,driblando a lei de direitos autorais local(geralmente em países como o brasil...).

é bem fácil encontrar essas músicas sendo vendidas nos formatos de 'hot hits','dance hits' e afins de qualquer canal de tv do segundo escalão.ou em coletâneas de rádio fm...quem não tem tanta informação musical,leva na boa ,sem reclamar...

piratão de luxo.

girl power!

fazendo balanço da carreira - inevitável e inerente a qualquer banda - o garbage lança sua coletânea de singles.muito provavelmente deverão fechar a tampa da caixa com esse "absolute garbage", já que a banda vem se fragmentando ao longo dos anos, depois do apenas regular "bleed like me".destaque absoluto para as cinco faixas do álbum honônimo de estréia(a primeirona,'wow', é uma aula magna de como se fazer pop atemporal:se fosse lançado hoje teria a mesma relevância).sem contar o diferencial da cantora shirley manson - a voz mais sexy do rock desde debbie harry.

diferente e surpreendente é o novo da pj harvey,"white chalk"...deixando as tormentas guitarrísticas de lado,este é o disco mais intimista da cantora.tomando o piano como base,traz vocais sussurrados,melodias belas e letras tristes, instrumentação esparsa e lenta...lembra um pouco os climões do sigur rós, ou, traçando um paralelo mais fácil,tori amos.só que bem mais 'down'.discaço!

acabou...go home!

os últimos fatos envolvendo jovens mortos e a distorção do que um dia foi sinônimo de celebração à música,à natureza e respeito às diferenças só reafirma isso...hoje, os eventos de música eletrônica se transformaram em ponto de encontro de patricinhas, pitboys e traficantes (nada contra quem usa-tem tantos usuários em raves quanto em boates,festas ou em casa mesmo:viva o direito de escolha!).enjoa também que,para a classe média acima dos 40 anos,todo amante de música eletrônica seja um futuro criminoso em potencial,ou alienado buscando o nada - não foram poucas as redes de tv aberta que se limitaram a mostrar apenas as cenas de gente drogada na festa,ainda que alguns deles talvez pudessem estar lá.

não foi à toa que muitos dos frequentadores originais das raves desistiram de frequentá-las...

there's no rave anymore...

mais do mesmo

a notícia não é exatamente nova (em mais de um sentido), mas vale pela inusitada comprovação "científica": as músicas mais conhecidas do Linkin Park, quando analisadas pelo volume no computador, são praticamente todas iguais.o blog de áudio Hometracked.com deu-se o trabalho de comparar as representações visuais das ondas sonoras de vários singles do grupo, e o resultado é o seguinte: todas as músicas começam, aumentam, diminuem e têm um crescendo final proporcionalmente da mesma forma.a similaridade, especula o blog, pode ser a chave para o contínuo sucesso comercial do grupo, que vendeu 3,3 milhões de cópias de seu último disco, Minutes to Midnight. já os fãs, que inevitavelmente postaram suas opiniões na página,defendem a banda com o argumento que trata-se da eterna fórmula pop de intro-refrão-verso-refrão.pelo visto, hoje em dia, fazer rock pela fórmula já é por si só um mérito.

punk de butique

o bowery street,no east village ,deve estar em estado de alerta máximo quanto a ações terroristas!!!plenamente justificável, já que o espaço antes ocupado pelo lendário CBGB,reduto máximo por onde passaram instituições do cancioneiro punk-new wave como television,ramones,blondie,devo e sex pistols, e 'overnight sensations' recentes como the strokes vai reabrir...não como mais um reformado sobrado para cientólogos ou mórmons (bem fortes por lá,meio como os evangélicos aqui no braza),mas como uma butique de luxo(foto)do estilista da alta costura john varvatos-provavelmente em março de 2008,como deseja o novo dono do local,que foi totalmente reformado.isso meio que ressalta ainda mais a tendência yuppie do local ,já que a área,antes frequentada por punks, desempregados,artistas e agitadores culturais ,abriga agora de starbucks a whole foods.

o CBGB fechou as portas em outubro do ano passado depois de funcionar por 33 anos como principal ponto de apresentações das bandas novas americanas.durante anos acumulou fama,credibilidade e um monte de dívidas-segundo seu fundador,hilly Kristal.com sua morte em agosto desse ano,este novo fato parece ter enterrado de vez a idéia de se reabrir a casa de shows(bem sensato,aliás- chegou-se a pensar em las vegas como novo local,criaria-se uma réplica perfeita com pichações,mictórios fedidos e tal ).

o circo chegou!!!

todo mundo antenado em música tem falado bastante do timfest e planeta terra.na contramão disso tudo vem chegando por aqui mais um hutúz,bem mais do que um festival de hip hop e rap com um monte de gente bacana - é uma grande amostra do que vem sendo feito no meio 'black' -termo ridículo e racista- que também abre espaço para os novos talentos(diferente dos outros festivais,onde um novo nome só consegue alcançar estes palcos quando já totalmente calejado em my spaces ,you tubes e tal...). o tema desse ano é :circo hutúz,o mundo mágico do hip hop .

programação:

_Dia 4 – Abertura do Hutúz 2007 ( Dia da Favela )
LOCAL: Centro Cultural e Esportivo Cufa , em Madureira
Manhã – das 9h às 14h
- Ação social (segunda via de docs, atendimentos médicos e dentário e atendimento pela defensoria pública)
- Palco aberto - Freestyle de break e MC, DJs
Tarde – das 14h às 17h
-Espaço para apresentação de grupos artísticos e manifestações culturais de comunidades.
-Batalhas de break e MCs
Noite – 17h - apresentações Circenses
21h – Encerramento

_Dia 6 – ÍNICIO DO HIP HOP LATINO AMERICANO @ CCBB RJ
Horários: 12h30 e 18h30
(Todas as terças-feiras de novembro)
06/11 - MV Bill e "A Ralé" (show do MV Bill com músicas versão rock)13/11 - Vozes do Gueto (Brasil)20/11 - Mustafá Yoda (Argentina)27/11 - Emanero (Argentina)

_SEMINÁRIO HUTÚZ @ CCBB-RJ
Datas: Dias 7, 14 e 21 De Novembro
Horário: 18hs
Entrada Franca
07/11 - O Mundo mágico do Hip Hop
14/11 - Na Corda Bamba
21/11 - Hip Hop sem preconceito no picadeiro do Hutúz

_HUTÚZ RAP FESTIVAL @ CIRCO VOADOR
Data: 23 e 24 De Novembro
Palco Principal:
Sexta 23/11
Mv Bill <http://www.mvbill.com.br/ >
Afar (USA) <http://www.afarmusic.com/ >
Sábado 24/11
The Rawluck (Canadá) < http://www.myspace.com/therawluckmovement >
JB (Canadá) <http://www.jbzworld.com/ >

_HUTÚZ FILME FESTIVAL @ CINE ODEON
Data: 26 A 29 De Novembro (Filmes + Clipes + Curtas)
Duas sessões : 17h e 19h
Beat Box – O Sexto Elemento
Cidade De Rima
Zona Caliente
Favela No Ar
Direto Da Turquia
Vem Dançar
Interventores
Do Mambo Ao Hip Hop: Um Conto Do Bronx
Hip Hop – A Evolução De Uma Cultura Das Ruas
Jóias Da Coroa
Pictografias Urbanas
Mil Trutas, Mil Tretas
É Tudo Nosso

R.I.P.

foi fechado ontem,numa operação conjunta entre as polícias inglesa e holandesa, o site de compartilhamento de arquivos via torrent oiNK,atualmente um dos mais importantes p2p do planeta.o oiNK , restrito para usuários convidados -nos moldes do orkut- só em 2007, ofereceu aos seus usuários mais de 60 álbuns inéditos antes de seu lançamento oficial.a alegação da justiça e da IFPI é a de que 'o site existia apenas para a troca de arquivos não lançados,e não uma rede de amigos trocando músicas por prazer'.além do fim da operação do site foi preso um jovem de 24 anos nos arredores de midlesbrough,inglaterra,acusado de ser o administrador do site.

todo fã de música sabe que sites como o oiNK servem a um único propósito: a divulgação da arte e democratização da música,algo que boa parte dos artistas e grandes gravadoras ainda não percebeu...a melhor forma de tornar uma obra musical,independente da qualidade artística,popular nos dias de hoje é a grande rede.

flop do ano (e hype também...)

inexplicável,ou totalmente explicável...

trilha sonora pro mico:"silent shout" the knife.

still alive

nílton josé da rocha. ele é a pessoa a quem ainda podemos recorrer a fim de termos aquele grave de baixo estalando feito pipoca nos ouvidos ,o dono da última fábrica no brasil dedicada à produção de vinis- o famoso bolachão, lp,como queiram -a polysom.

boa parte da tradição e do charme que fazem o vinil não morrerem é a a ainda inigualável qualidade sonora superior dos acetatos,que nenhum engenheiro de som conseguiu repassar ao cds.hoje em dia, o principal mercado consumidor dos vinis são bandas de rock independentes, rappers e principalmente djs de música eletrônica.graças a eles, a polysom não morre...

situada em belford roxo, baixada fluminense,nasceu em 1999 graças a um grupo de pastores evangélicos, que encomedou a prensagem de um lp gospel.cm o sucesso da empreitada,não tardaram novas solicitações.nílton,ex-funcionário da polygram, viu um nicho de mercado e tratou de se estabelecer nele.

com o mercado fonográfico cada vez menos lucrativo, graças a 'democratização da música', via compartilhadores de arquivos e pirataria em massa,a produção de vinis da polysom vem caindo progressivamente com o passar do tempo.além de seu nílton, a fábrica possui apenas 4 funcionários e tem uma produção média de 5 mil discos por mês.sua produção conhecida mais recente foi um compacto com 4 faixas da banda 'glam' daniel beleza e os corações em fúria.

quanto vale o show?

não dizem por aí que a vida é uma surpresa a cada instante?thom yorke e cia. levam essa premissa à risca quando se trata da sua relação com a indústria musical.em 2000,na época do seu álbum 'kid A',anteciparam o que hoje em dia é corriqueiro:disponibilizaram toda a obra para download gratuito na internet antes do lançamento.o que poderia ser considerado por qualquer estrategista de marketing 'suicídio comercial' se revelou um tiro certeiro - semanas depois, lançado 'oficialmente',o disco entrou direto em primeiro lugar nas paradas americana e inglesa , algo inimaginável numa época em que os programas p2p começavam a aparecer,graças ao napster,e pela própria música da banda, que desde o álbum 'ok computer' primava muito mais pela sua excelência artística que comercial .

desta vez o radiohead chama criativamente a atenção do público e da mídia levando esta experiência às últimas consequências:seu novo álbum,' in rainbows ', não só teve seu lançamento antecipado para este ano -através do site da banda - como quem decide quanto vale o álbum é você! ou melhor,'it's up for you'. desprendimento maior com a indústria e,ao mesmo tempo,peocupação com ela (estabelecendo novos parâmetros a serem seguidos)impossível.

uma versão física do álbum está prevista para 3 de dezembro, mas não será surpresa se esta nem vir a existir, pois a banda não possui mais vínculo algum com qualquer gravadora desde 2005.pioneiros mais uma vez, fazendo o lançamento de um álbum sem a ajuda de uma empresa fonográfica.

...e então ,quanto vale o show?

positiva ambient collection

nem didático nem é uma dica...ou melhor,não deixa de ser. esse não é o melhor álbum de todos os tempos,nem o melhor que já ouvi.mas considero o mais importante.foi o que me fez perder o medo do desconhecido...ou aflorar ainda mais a minha curiosidade.

era 1995, e a década vinha de uma excelente safra musical.cobain já tinha deixado o seu recado, e o britpop de bandas como oasis ,blur e manic street preachers davam as cartas.nessa época,o maurício valladares não era o único bandeirante solitário a levantar a bandeira da boa música aqui no rj.ele dividia espaço com os programas temáticos da panorama fm ,de petrópolis, que havia abraçado o alternativo, e com o programa rio fanzine ,dos geniais tom leão e carlos albuquerque,colunistas do jornal o globo, na rádio FM de mesmo nome.

o programa era uma tremenda anarquia - musical e operacional...até atrasados eles chegavam pra fazer o programa...eles foram os primeiros jornalistas(que me lembre)a atentar seus leitores-ouvintes para a música eletrônica.curiosamente, ela se tornou hype pouco tempo depois.visionários?

até essa época, o que eu ouvia de música eletrônica eram os sets de house do dj memê, que tinha um programa na rádio cidade, uma música do jean michel jarre que era o fundo musical do 'enquanto a bola não rola' da rádio tupi Am(que nunca descobri o nome), e bandas technopop da época (depeche mode e pet shop boys , mais frequentemente).melhor, eu achava que isso era música eletrônica...

até uma noite fria de domingo de 1995 , quando,depois de um bombardeio sonoro,os caras anunciaram que após o fim do programa iriam mostrar na íntegra um disco chamado 'positiva ambient collection'- uma boa introdução da música eletrônica de que tanto falavam...

termina o programa e entra o tal disco...terminou um capítulo na minha vida e começou outro.

poucas vezes na minha vida tive a oportunidade de 'entrar' dentro de um disco e a sensação foi fantástica...durante anos a faixa de abertura,'OOBE ' do the orb, esteve na minha mente nos momentos mais tensos da minha vida-toda vez que me via diante de uma situação difícil colocava uma fita em que gravei esse programa(tinha o hábito de gravar as coisas que gostava)e logo as idéias clareavam.

mas acima de tudo, foi uma lição definitiva de como a música não tem fronteiras quando você a sente com seu coração...não importa se feita com uma caixa de fósforos ou um computador,o que deve estar implícito na arte é a verdade.fui buscar essa verdade não só na eletrônica,mas também em outros estilos que não o rock.

aquele dia foi histórico, o disco ficou tocando a madrugada inteira na rádio . cochilava /dormia , acordava e a viagem sem fim no cérebro-ouvido...

algum tempo depois,perdi a fita com este ábum gravado.consegui encontrá-lo pouco tempo atrás , num p2p desses da vida.

tracklist:

1-'OOBE' - the orb

2-'digi out' - infinite wheel

3-'perfect morning'- visions of shiva

4-'hub' - the black dog

5 -'halcyon' - orbital

6-'zeros and ones' - aphex twin vs jesus jones

7-'sky high' - the irrestible force

8-'mobility' - moby

9-'awekening the soul' - beaumont hannant

10-'if it really is me' - poligow window

11-'kao-tic harmony'-rhythm is rhythm

nerdcore rising

o post aí de baixo foi só o ponto de partida...na verdade,por trás da timidez e falta de jeito aparentes. o que todo 'nerd/geek' esperto quer é 'dominar o mundo'.

há pelo menos 2 anos,essa turminha aficcionada por computadores e tecnologia ganhou voz.além das séries de TV, quadrinhos e milhares de outros produtos voltados a esse público, os geeks têm até o próprio movimento musical, o nerdcore - fusão dos termos hard-core com nerd.

o nome mais representativo dessa turma é MC frontalot,que lançou em 2005 o já clássico 'nerdcore rising', na verdade uma copilação de músicas acumuladas por ele num período de 2 anos,com letras versando sobre encontros de fãs em convenções de 'star wars',seriados de tv ,desenhos clássicos de tv ,paixões platônicas por professores e pornografia da internet.é considerado o marco-zero do gênero.como todo nerd que se preza, o álbum foi primeiro disponibilizado gratuitamente para download e depois posto à venda nas lojas...nerd não compra música,baixa de graça.

foi apenas questão de tempo para que um monte de gente se identificasse com o nerdcore...o surgimento de nomes como mc liars,futuristic sex robotz e optimus rhyme(trocadilho genial!) criaram uma 'cena'.

em tempos de acid pro e afins,nada mais normal que essa galera adotasse o rap e o hip-hop como forma de manifestação musical...como quem gasta muito tempo no computador não está propenso a passar longas horas com outras pessoas ensaiando para montar uma banda de rock, o rap foi o caminho natural da turma. um rapper geek é auto-suficiente. com computador e um microfone, ele mistura sons, põe voz e lança um sucesso. a cultura nerdcore chegará aos cinemas americanos retratada em dois documentários: nerdcore for life! e nerdcore rising. o nerdcore ou geeksta rap (variação irônica de gangsta rap) é um bom exemplo de como as novas tecnologias permitem que pessoas normais possam competir com profissionais. finalmente chegou a vingança dos nerds.

golden shower

se vc foi criança nos anos 80 sabe:uns dos grandes desejos da molecada ,além dos blockbusters da época como os bonequinhos transformers (originais da estrela,iguais aos do desenho,devem custar uma tremenda fortuna hoje),carros de fricção -uma novidade da época-e robô arthurs era o atari 2600,uma genialidade tecnológica criada por nolan bushell, lançado nos EUA em 1978 e no brasil em 1983.

durante os dois anos posteriores foi um fenômeno absoluto de vendas no país,graças a clássicos absolutos como riveraid, asteroid,pacman e outros,pioneiro na popularização dos nossos queridos e incompreendidos 'nerds' de plantão...finalmente os excluídos tiveram com que se identificar.

apesar de não ser o primeiro videogame doméstico da história(o odyssey,da magnavox, era de 1972), o atari 2600 (conhecido em seus primeiros anos como atari VCS) foi o primeiro a ganhar popularidade e ditar um modelo que é seguido até hoje. seis gerações depois, os limitados cartuchos foram substituídos por poderosos DVDs e blu-rays, mas a essência do mercado, do trabalho conjunto entre estúdios terceirizados que cooperam com as fabricantes de consoles, continua basicamente a mesma.

hoje, de sua fabricante restou pouco. a que foi a pioneira e uma das maiores empresas de game um dia, está em dificuldades financeiras e corre para distribuir seus poucos títulos. os tempos mudaram, mas uma coisa é certa: os jogos da atari continuam lembrados e inspirando outros jogos 30 anos após seu lançamento, feito que outras poucas empresas conseguiram e conseguirão.

BBC 1: prazer adquirido

tá vendo o figura aí em cima ? se chama pete tong, conceituadíssimo dj de techno inglês e uma das estrelas daquela que é a melhor e mais respeitada rádio fm do planeta, a BBC radio 1.

melhor e mais respeitada porque trata seus fãs com o devido tratamento que merecem ,levando músicas de todos os gêneros e formas ao seu público, e provalvelmente aquela que soube melhor se adaptar as mudanças pelas quais passaram o mercado fonográfico nos útimos anos,disponibilizando seus programas semanalmente para streaming , além do tracklisting do que rolou em cada um deles - perfeito pra quem gosta de baixar suas músicas favoritas depois...

foi a rádio que lançou john peel,aquele que foi o mais importante locutor fm da história da rádio difusão, lançador de tendências e artistas que posteriormente se tornaram parte da história da música.suas famosas 'peel sessions' revelaram gente do quilate de joy division ,smiths,blur,só pra exemplificar...

hoje a nossa querida completa 40 aninhos de bons serviços prestados à boa música...

ouça já:www.bbc.co.uk/radio1

corra que a polícia vem aí!

2007 foi o ano que os velhinhos e nem tão novinhos da música resolveram capitalizar para curtir a terceira idade numa boa ,sem apelar pra artifícios nefastos de marketing (reality shows asquerosos,tipo o do gene simmons na VH1, que lima todo o vestígio de humor e ironia q era encontrado no 'the osbournes',resultando em narcisismo e uma paródia ridícula de si mesmo)ou turnês sul-americanas comemorativas do trigésimo ano da banda tal,q serve apenas pra roubar a grana dos nossos avós ou parentes mais tradicionalistas.

uns até que se deram bem - o jesus and mary chain voltou com shows arrasadores no coachella, e sem apelar pra porradaria(física) no palco - outros nem tanto (billy corgan e seus pumpkins com um álbum de inéditas que apenas reprisa idéias de um passado brilhante , e desfalcado de 2 importantes membros originais),mas apenas uma banda tinha o "perdão" e a curiosidade de todo um planeta quando se falava de retorno... pink floyd não vale, e smiths , pensemos bem, não precisa manchar a carreira com isso.

ninguém entendeu bem quando , no auge do sucesso, sting e amigos resolveram deixar tudo de lado e fazerem de conta que nada existiu...isso mesmo , tanto q nem se deram ao trabalho de anunciar o fim da banda.

tudo q sting fez durante esses anos , a despeito de um primeiro álbum solo sensacional, foi manchar sua reputação de grande músico e compositor com declarações constrangedoras a respeito de sua vida pessoal ,parcerias de gosto duvidoso e bancar o "exótico capitalista salvador do terceiro-mundo" ao lado de índios na amazônia.enquanto isso , a qualidade de sua produção artística caía consideravelmente.

o mundo se perguntava se , tanto tempo depois , eles conseguiriam deixar suas diferenças de lado pra fazer o que interessa sobressair: música.

parece que , assim como eles próprios , todo mundo merece uma segunda chance na vida...inclusive nós.

quem viver até dezembro verá , e que não seja pela última vez. a história (minha e de muita gente boa )sendo cantada e tocada diante dos olhos.

às vezes é preciso retornar ao passado para descobrimos quem realmente somos.

sejam bem-vindos de volta...mãos ao alto!

a pessoa é para o que nasce

essa nem é tão nova assim, mas bateu de uma forma espetacular.

certa noite dessas ,ao dar uma olhada nas redes de tv a cabo, parei meio sem querer no canal brasil,exclusivamente dedicado à produção cinematográfica nacional, por causa de três figuras aparentemente frágeis,mas de uma força e exemplo de dar inveja a qualquer luiz inácio de plantão.

saca aquele momento em que vc sente a maior culpa por ter tudo e,ainda assim reclamar do bife,da margarina q congelou ou do emprego?

meio assim que fiquei ao assistir o documentário "a pessoa é para o que nasce",produzido em 1998 e transformado em longa no ano de 2004 pelo diretor carioca roberto berliner.

conta o cotidiano de 3 irmãs cegas de campina grande (pb) ,cantoras de coco,que sustentavam nas costas a si mesmas e mais 14 pessoas com os trocados q ganhavam cantando suas canções nas ruas da cidade.

não bastasse isso, o filme aborda com clareza o efeito celebridade na vida de pessoas que ,pelas circunstancias do meio,não estão preparadas pra isso. e é uma aula completa sobre o amor, a traição ,resignação e perdão-já que as irmãs falam claramente sobre tudo e todos ,inclusive sobre a mágoa entre si mesmas , impossível de separá-las.

a partir do documentário original , tiveram contato e fizeram turnês com gente do quilate de naná vasconcelos e gilberto gil. mas isso foi insuficiente para tirá-las da situação de quase -miséria em que viviam. uma das cenas finais mostra 2 das irmãs na praça principal de sua cidade natal pedindo esmolas , tal e qual como viveram a vida inteira.

o último ato é uma espécie de redenção com as irmãs realizando um dos sonhos de suas vidas:conhecer o mar.mostra regina ,maria e conceição numa praia deserta ,nuas e abraçadas avançando na areia,passo a passo até as águas.

a pessoa é para o que nasce...

esses caras...digitalism

muito se falou (principalmente ouvidos/cérebros em busca da última grande novidade terrestre)sobre o esgotamento da música eletrônica - principalmente depois do grande "boom" da década passada, que alavancou ao mainstream nome tão díspares como chemical brothers,underworld,daft punk,prodigy e outros, pondo-os num belo saco de gatos pra vender:e- music. a velha máxima de sempre, sendo que isso limita e muito o alcance dos olhos dos ouvintes menos antenados ou pouco afeitos à informação,ainda mais num meio que conta com algo que incomoda alguns tradiconalistas de plantão:a tecnologia.de uma hora pra outra a e-music virou a nova onda para os descolados e a heresia para os amantes da "música pura",seja lá o que isso for.


sim ,essa mesma tecnologia q possibilta a vc,que tem computador em casa,ter acesso a um sem-número de músicas ,filmes, etc,inteiramente free...

e aí, vai querer rachar o telhadinho de vidro?

mês chegando e com ele vindo um dos principais expoentes do tal novo levante eletrônico: o duo alemão digitalism vem tocar no nokia trends 6 de outubro , mostrando a sua explosiva combinação de rock e acidez eletrônica.

e pelo visto teremos um showzão : jens moelle e ismail tufecki mostram em seu álbum de estréia ('idealism'-EMI) que estão zilhões à frente de rótulos , fazendo uma atualização digníssima de guitarras via eletrônica.nessa parte -e só nessa- é que as comparações com o daft punk procedem:assim como os franceses fizeram uma releitura da disco,os alemães fazem com o rock.

da empolgante 'magnets' de abertura ,passando pelos hits de pista 'zzdarlight' e 'pogo', pela espetacular homenagem ao cure em 'digitalism in cairo' ao epílogo em clima de boas-novas de 'echoes' os caras cometeram uma peça que vale cada centavo investido (ou kbyte baixado,como preferir...)

música sem fronteiras,com as armas certas e argumentos auditivos convincentes.

o telhadinho ainda tá aí?

a morte das fms nacionais.

já pararam pra pensar nisso???quem ,como eu ,que busca algo inteligente pra ouvir ou mesmo pra dar aquele soninho gostoso;pra criar um clima pra encontrar morfeu ou pra passar o tempo mesmo não encontra mais nada que preste nas nossas tão anteriormente amadas rádios fms.

dia desses ouvi um caboclo desses justificar(pista:ex-medalhão da música pop nacional oitentista ) que não deveríamos cobrar isso ,pois rádio fm advinha de negociatas políticas e deveriam servir ao lucro ,sim :se observarmos pela ótica do negócio-como comércio- propriamente dito- o figura até tá certo, mas basta observarmos o que acontece nas rádios da gringa que a coisa muda de figura...

e olha que nem precisa ir muito longe ... a BBC inglesa, embora tenha perdido muito do brilho que já teve no passado (pelos mesmos motivos ),é um bom exemplo de como um veículo de comunicação essencialmente comercial pode ser bem sucedido - segmenta sua programação em vários canais ,e com várias opções -desde a programas temáticos com medalhões da música mundial e comunicadores que realmente entendem do riscado ,até aquela baba lazarenta básica que vc pode ouvir enquanto lava o seu carro.

o pior nessa história é que ,como a maioria das pessoas ainda não tem acesso a esse tipo de informação -nenhuma estatística me convence do contrário, a internet ainda tá muito cara para nossos padrões econômicos,e nas áreas onde a concentração de renda é menor a popularização ainda é bem lenta - vamos ter de procurar , e muito ,algo que realmente acrescente aos nossos ouvidos aqui no brasa -salvo raríssimas exceções ,como o RoNcaRoNca , do Maurício Valladares ,na Oi Fm, onde a música é tratada como diversão e meio educativo, de informação.

se pensarmos bem , é assim que deveria ser...

enquanto isso ,os chorões e pstores se perpetuam aos montões pelo dial ...triste.