Sunday, January 13, 2008

massive attack

música é alimento para o espírito, diz muito bem o velho ditado... para certas pessoas, é mais que isso , é a razão para toda uma existência. apesar de sempre apelarmos pro saudosismo do 'na minha época ...', haverão sempre novas formas de expressar o meio , o lugar , as pessoas e a si mesmo através de arte tão singular. melhor ainda se você tem o dom para criar a trilha sonora disto tudo na hora certa , e conectado com que as pessoas precisam ouvir. independente do sucesso comercial ou não , o difícil nesta história toda não é gerar um clássico atemporal , e sim ir um pouco mais além , criar um gênero totalmente novo , algo que dificilmente será igualado por outros...


a história do massive attack tem começo em 1987, com a separação do coletivo de músicos/produtores/DJ's e artistas locais de bristol, na inglaterra, chamado wild bunch , ao qual pertenciam seus membros fundadores: adrian 'mushroom' vowles , grant 'daddy g' marshall e robert '3D' del naja. indo um pouco na contramão do 'verão do amor' propagado pelo estouro da dance music via acid house em londres, resolveram se voltar em retratar sob forma de música - fundindo hip hop , soul , dub e downtempo - o clima pesado das gangues e abandono de sua cidade natal , aproximando-se algumas vezes do jazz e dando início ao que passou a ser chamado posteriormente de trip-hop.


após um esfuziante single de estréia em 1990 , 'daydreaming', uma colaboração entre o grupo, a cantora shara nelson e o rapper tricky (este também um ex-membro do wild bunch), no ano seguinte lançaram o que é considerado por muitos um divisor de águas na fusão de diversos estilos adotada anos mais tarde por diversos artistas do hip hop e da eletrônica, seu primeiro álbum 'blue lines' (foto).


apesar de ter se tornado conhecido mundialmente pela repercussão dos singles extraídos do álbum ,a esfuziante 'safe from harm' e ,principalmente, por 'unfinished sympathy', onde uma magistral condução de orquestra faz o contraponto perfeito para a declaração de amor doída da vocalista shara nelson - que, sob uma segunda ótica , poderia sem problemas estar versando sobre a falta de esperança no lugar onde se escolheu viver- seria injusto reduzir os méritos do disco por apenas estas canções. com um senso de unidade poucas vezes visto na música pop, funciona quase como uma 'soundtrack'. árido na funkeada 'lately', caústico em 'one love' e alentador na jazzística 'hymn of the big whhel' , serviu de base para o som que filhotes como portishead , morcheeba e groove armada fizeram/chuparam anos depois. mesmo tendo feito belos discos depois deste , 'blue lines' é aquele que será justamente colocado por muitos nas listas de uma das mais tocantes e belas obras de toda a história.