Wednesday, February 13, 2008

a maior banda dos últimos tempos da última semana.


nova york tem sido uma das mecas do art rock e da cultura pop desde sempre... passou por velvet underground no fim dos anos 60 ,desaguou no punk rock de bandas como ramones nos anos 70- de quem os ingleses copiaram o som - até chegar em tempos recentes de grupos como strokes, yeah yeah yeahs e rapture, que tentaram (via reciclagem de alguns dos elementos anteriores) dar novo fôlego e uma boa leva de álbuns vendidos ao combalido rock n' roll...com novos viéses permeando a maneira como as pessoas vêem e ouvem música (pirataria,downloads,etc.), logo o acesso a novas informações , bandas e estilos se tornam cada vez mais fáceis de serem descobertos, contribuindo para a descartabilidade da música e impedindo que boas bandas tenham uma carreira consistente. uma banda é substituída por outra mais 'quente' em questão de semanas, gerando uma bola de neve musical sem fim. um exemplo: os strokes. há cerca de três ou quatro anos eram a última bolacha do pacote em termos de som, atitude e estilo de dez entre dez críticos e formadores de opinião no eixo londres-nova york. foram capa de todos os semanários ingleses e revistas descoladas em todo mundo. venderam milhões de cópias de seus dois primeiros álbuns. fizeram shows concorridíssimos no brasil. hoje são apenas lembrança... foi-se o tempo em que o rádio e revistas dedicadas a cultura pop eram a grande fonte para descoberta dos novos talentos musicais. papel que hoje em dia cabe ao my space, blogs e sites especializados.


o que leva ao vampire weekend, quarteto novaiorquino formado por ex-alunos da renomada univerisidade columbia - chegaram inclusive a se apresentar por lá em priscas eras , o novo hype da música mundial e grande promessa para o ano de 2008. ao contrário da geração anterior, que tinha por base o rock de bandas como television e o pós-punk de gente como the cure ,talking heads e gang of four , o vampire weekend traz como matriz o mix de rock alternativo, música 'africana' fase graceland (lançamento de 1986 do cantor americano paul simon, que mesclava o pop com ritmos do continente) e a 'world music' praticada por david byrne e peter gabriel nos anos 80. alie a isso doses de música nativa como kwassa kwassa (do congo) e mesmo barroca - intervenções de flauta, orgão , violoncelo e cravo são encontrados ao longo de todo o álbum , e dessa salada temos o som da banda. às vezes a fórmula soa pensada , forçada demais, porém o grupo ganha nas melodias bem elaboradas, guitarras percussivas (com toques de clash, ska e as tais 'influências africanas' aqui e ali) e letras irônicas, mezzo ingênuas até ( a própria banda faz piada disso, em versos como 'isto parece tão anti-natural/peter gabriel também' , em 'cope kwassa kwassa'). estranhamente , a única concessão ao tradicionalismo roqueiro está na faixa de encerramento, 'the kids don't stand a chance' , construída sobre tons melancólicos e que poderia estar em qualquer álbum de um lou reed, por exemplo.


apesar do resultado positivo, fica difícil avaliar se o vampire weekend terá a chance de se firmar num mercado tão instável quanto o da música nos dias de hoje. seu próprio álbum de estréia faz surgir diversas dúvidas (entre se é um disco excelente de uma banda mediana ou um álbum mediano de músicos excelentes). ao final da audição do disco, não passa a impressão de algo revolucionário ou inovador... é apenas uma boa coleção de canções calcadas em fórmulas interessantes e bem calculadas, e isso basta.


...até o próximo hype surgir.

link: http://www.myspace.com/vampireweekend