Friday, November 23, 2007

viagem fantástica...


falar sobre o burial significa também mostrar a quem não conhece as raízes do dubstep,estilo que une as ambiências e camadas de efeitos do dub jamaicano - via eletrônica - com o groove urbano e a sensualidade do 2 step inglês,desde o início desta década.o resultado?pode ser um tanto quanto 'stoned',com batidas quebradas,cortes bruscos e efeitos pra lá de barulhentos,estranhos,como pode ser cheio de atmosferas,nublado,com sintetizadores e computadores derramando sons do fim do mundo,de uma cidade fantasma...totalmente anti-pop,como tudo que foi criado de interessante em se tratando de música moderna,é oriundo das periferias e subúrbios das grandes cidades inglesas - o som dos guetos visto sob uma ótica futurística.feito para ser ouvido em enormes soundsystems,numa noite de chuvisco...
em julho de 2002 ,a revista americana XLR8R pôs pela primeira vez o nome do estilo em sua capa,dedicando as principais matérias a apresentar ao grande público as características e os principais nomes do gênero.mas foi no ano passado que o 'hype' em cima do dubstep se tornou mais forte ,graças ao lançamento do álbum de estréia do álbum homônimo do burial,eleito o melhor do ano pela revista inglesa uncut...apesar de todos os elementos comuns ao gênero,este solitário dj inglês (que faz suas músicas usando apenas seu laptop e um software gratuito)explorava um lado pessoal inaudito em faixas de seus contemporâneos - skream,kode9,para citar alguns nomes- e o clima cinematográfico presente em cada composição,deixando muito evidente sobre que clima e condições elas tinham sido feitas.com resultado tão genial,rapidamente se tornou 'best-seller'do gênero e biblia imediata para neófitos.
'untrue',segundo álbum lançado há duas semanas,investe pesado no sentimento...impossível não se emocionar com as vozes que surgem do nada -como uma espécie de lamento- e somem sem que possamos nos despedir delas,melodias lindíssimas,e como contraponto a todos esses elementos, batidas e baixos pesadíssimos,criados para atingir em cheio a alma de quem ouve.outro grande mérito do álbum é que se consegue identificar à primeira vista que o que se ouve é burial,um trunfo e tanto num gênero estremamente alternativo como o dubstep,e o fato de agregar outros estilos como o drum n'bass ,ambient,soul e trip-hop sem jamais perder o rumo.
após uma breve introdução(com uma voz desesperada que diz 'i see the lights!',como que almejando uma fuga),somos brindados com os breaks pesados , a bela melodia e o vocal soul de 'archangel',uma espécie de 'unfinished symphathy'(massive attack) dos tempos modernos,desde já um clássico instantâneo.'ghost hardware' carrega pesado no clima de dança solitária no escuro,com a tradicional levada do dubstep,e repleta de samples vocais.'endorphin' e 'uk' são exercícios pesados na ambient music,mas mostrando que por trás de uma máquina pulsa um coração.a faixa-título evoca um depeche mode do futuro,caso eles fossem negros e tivessem nascido num gueto londrino. e a minimal 'the raver',que fecha o disco, consegue ter a mais bela frase de sintetizador escrita nos últimos anos,tão bonita que dói.
o lcd soundsystem e seu 'sound of silver' acabaram de perder a peleja,no final do jogo...
disco do ano!!!