Wednesday, November 28, 2007

piaf

era uma mulher livre, sem marido fixo, sem família ou filhos, colecionando amantes (em geral jovens bonitões como Ives Montand ou George Moustaki), e que entregou-se para sempre à música. tornou-se a grã-sacerdotisa da canção popular francesa do pós-guerra, com direito à corte permanente e tudo o mais. uma das suas mais exemplares e comoventes interpretações foi o 'L´Hymne à l ´amour', hino ao Amor, no qual ela expressou a perda irreparável do seu amado marcel cerdan, um campeão de boxe franco-argelino que morrera num desastre aéreo em 1949.


nascida em 1915,era uma mulher à frente de seu tempo. além do espírito libertário (presente tanto na sua música quanto na sua vida pessoal- nas atitudes e na forma de ver o mundo),piaf foi um dos principais símbolos do renascimento francês após a desastrosa experiência na IIa. guerra mundial.


flexível a ponto de se adaptar as circunstâncias da vida (passou por privações na infância,maternidade precoce - foi mãe aos 17 anos - e depois no auge,dominada pelo vício irremediável em morfina e álcool),foi descoberta cantando nas tabernas e cúbiculos ,e seu canto e sua música expressavam claramente todo o sofrimento não só de sua vida ,mas também do lugar onde nasceu,daí seu sucesso (autêntico).


filmar essa cipituca toda,transformá-la numa adaptação para o cinema digna do ícone edith piaf não foi das tarefas mais fáceis,a começar pelo direito de uso de suas canções ,de propriedade de alguns de seus herdeiros. mas 'la vie en rose' é uma pérola cinematográfica, que traz como grande destaque a atuação de marion cottilard (foto),que praticamente 'incorpora' a personagem principal,de maneira tão ou mais brilhante que jamie foxx no também biográfico 'ray' (sobre a vida e obra de ray charles,um dos maiores cantores e compositores norte-americanos da história).cotillard, de 32 anos, se transforma em Edith Piaf dos 18 aos 47 anos de idade, quando morreu com aparência de mais de 80 anos,consumida pelo vício. a capacidade de transformação da atriz é assombrosa. essa realidade é chocante às vezes, mas traz garantia certa de emoção, realidade e lágrimas.


a única coisa que cotillard não conseguiu foi trazer de volta a voz inconfundível de piaf - nesse ponto 'ray' leva vantagem- mas esse não deixa de ser um grande filme para os amantes do cinema e da música.