Wednesday, October 10, 2007

quanto vale o show?


não dizem por aí que a vida é uma surpresa a cada instante?thom yorke e cia. levam essa premissa à risca quando se trata da sua relação com a indústria musical.em 2000,na época do seu álbum 'kid A',anteciparam o que hoje em dia é corriqueiro:disponibilizaram toda a obra para download gratuito na internet antes do lançamento.o que poderia ser considerado por qualquer estrategista de marketing 'suicídio comercial' se revelou um tiro certeiro - semanas depois, lançado 'oficialmente',o disco entrou direto em primeiro lugar nas paradas americana e inglesa , algo inimaginável numa época em que os programas p2p começavam a aparecer,graças ao napster,e pela própria música da banda, que desde o álbum 'ok computer' primava muito mais pela sua excelência artística que comercial .

desta vez o radiohead chama criativamente a atenção do público e da mídia levando esta experiência às últimas consequências:seu novo álbum,' in rainbows ', não só teve seu lançamento antecipado para este ano -através do site da banda - como quem decide quanto vale o álbum é você! ou melhor,'it's up for you'. desprendimento maior com a indústria e,ao mesmo tempo,peocupação com ela (estabelecendo novos parâmetros a serem seguidos)impossível.

uma versão física do álbum está prevista para 3 de dezembro, mas não será surpresa se esta nem vir a existir, pois a banda não possui mais vínculo algum com qualquer gravadora desde 2005.pioneiros mais uma vez, fazendo o lançamento de um álbum sem a ajuda de uma empresa fonográfica.

...e então ,quanto vale o show?

Tuesday, October 09, 2007

positiva ambient collection


nem didático nem é uma dica...ou melhor,não deixa de ser. esse não é o melhor álbum de todos os tempos,nem o melhor que já ouvi.mas considero o mais importante.foi o que me fez perder o medo do desconhecido...ou aflorar ainda mais a minha curiosidade.

era 1995, e a década vinha de uma excelente safra musical.cobain já tinha deixado o seu recado, e o britpop de bandas como oasis ,blur e manic street preachers davam as cartas.nessa época,o maurício valladares não era o único bandeirante solitário a levantar a bandeira da boa música aqui no rj.ele dividia espaço com os programas temáticos da panorama fm ,de petrópolis, que havia abraçado o alternativo, e com o programa rio fanzine ,dos geniais tom leão e carlos albuquerque,colunistas do jornal o globo, na rádio FM de mesmo nome.

o programa era uma tremenda anarquia - musical e operacional...até atrasados eles chegavam pra fazer o programa...eles foram os primeiros jornalistas(que me lembre)a atentar seus leitores-ouvintes para a música eletrônica.curiosamente, ela se tornou hype pouco tempo depois.visionários?

até essa época, o que eu ouvia de música eletrônica eram os sets de house do dj memê, que tinha um programa na rádio cidade, uma música do jean michel jarre que era o fundo musical do 'enquanto a bola não rola' da rádio tupi Am(que nunca descobri o nome), e bandas technopop da época (depeche mode e pet shop boys , mais frequentemente).melhor, eu achava que isso era música eletrônica...

até uma noite fria de domingo de 1995 , quando,depois de um bombardeio sonoro,os caras anunciaram que após o fim do programa iriam mostrar na íntegra um disco chamado 'positiva ambient collection'- uma boa introdução da música eletrônica de que tanto falavam...

termina o programa e entra o tal disco...terminou um capítulo na minha vida e começou outro.

poucas vezes na minha vida tive a oportunidade de 'entrar' dentro de um disco e a sensação foi fantástica...durante anos a faixa de abertura,'OOBE ' do the orb, esteve na minha mente nos momentos mais tensos da minha vida-toda vez que me via diante de uma situação difícil colocava uma fita em que gravei esse programa(tinha o hábito de gravar as coisas que gostava)e logo as idéias clareavam.

mas acima de tudo, foi uma lição definitiva de como a música não tem fronteiras quando você a sente com seu coração...não importa se feita com uma caixa de fósforos ou um computador,o que deve estar implícito na arte é a verdade.fui buscar essa verdade não só na eletrônica,mas também em outros estilos que não o rock.

aquele dia foi histórico, o disco ficou tocando a madrugada inteira na rádio . cochilava /dormia , acordava e a viagem sem fim no cérebro-ouvido...

algum tempo depois,perdi a fita com este ábum gravado.consegui encontrá-lo pouco tempo atrás , num p2p desses da vida.

tracklist:
1-'OOBE' - the orb
2-'digi out' - infinite wheel
3-'perfect morning'- visions of shiva
4-'hub' - the black dog
5 -'halcyon' - orbital
6-'zeros and ones' - aphex twin vs jesus jones
7-'sky high' - the irrestible force
8-'mobility' - moby
9-'awekening the soul' - beaumont hannant
10-'if it really is me' - poligow window
11-'kao-tic harmony'-rhythm is rhythm

nerdcore rising


o post aí de baixo foi só o ponto de partida...na verdade,por trás da timidez e falta de jeito aparentes. o que todo 'nerd/geek' esperto quer é 'dominar o mundo'.


há pelo menos 2 anos,essa turminha aficcionada por computadores e tecnologia ganhou voz.além das séries de TV, quadrinhos e milhares de outros produtos voltados a esse público, os geeks têm até o próprio movimento musical, o nerdcore - fusão dos termos hard-core com nerd.


o nome mais representativo dessa turma é MC frontalot,que lançou em 2005 o já clássico 'nerdcore rising', na verdade uma copilação de músicas acumuladas por ele num período de 2 anos,com letras versando sobre encontros de fãs em convenções de 'star wars',seriados de tv ,desenhos clássicos de tv ,paixões platônicas por professores e pornografia da internet.é considerado o marco-zero do gênero.como todo nerd que se preza, o álbum foi primeiro disponibilizado gratuitamente para download e depois posto à venda nas lojas...nerd não compra música,baixa de graça.


foi apenas questão de tempo para que um monte de gente se identificasse com o nerdcore...o surgimento de nomes como mc liars,futuristic sex robotz e optimus rhyme(trocadilho genial!) criaram uma 'cena'.


em tempos de acid pro e afins,nada mais normal que essa galera adotasse o rap e o hip-hop como forma de manifestação musical...como quem gasta muito tempo no computador não está propenso a passar longas horas com outras pessoas ensaiando para montar uma banda de rock, o rap foi o caminho natural da turma. um rapper geek é auto-suficiente. com computador e um microfone, ele mistura sons, põe voz e lança um sucesso. a cultura nerdcore chegará aos cinemas americanos retratada em dois documentários: nerdcore for life! e nerdcore rising. o nerdcore ou geeksta rap (variação irônica de gangsta rap) é um bom exemplo de como as novas tecnologias permitem que pessoas normais possam competir com profissionais. finalmente chegou a vingança dos nerds.

golden shower


se vc foi criança nos anos 80 sabe:uns dos grandes desejos da molecada ,além dos blockbusters da época como os bonequinhos transformers (originais da estrela,iguais aos do desenho,devem custar uma tremenda fortuna hoje),carros de fricção -uma novidade da época-e robô arthurs era o atari 2600,uma genialidade tecnológica criada por nolan bushell, lançado nos EUA em 1978 e no brasil em 1983.

durante os dois anos posteriores foi um fenômeno absoluto de vendas no país,graças a clássicos absolutos como riveraid, asteroid,pacman e outros,pioneiro na popularização dos nossos queridos e incompreendidos 'nerds' de plantão...finalmente os excluídos tiveram com que se identificar.

apesar de não ser o primeiro videogame doméstico da história(o odyssey,da magnavox, era de 1972), o atari 2600 (conhecido em seus primeiros anos como atari VCS) foi o primeiro a ganhar popularidade e ditar um modelo que é seguido até hoje. seis gerações depois, os limitados cartuchos foram substituídos por poderosos DVDs e blu-rays, mas a essência do mercado, do trabalho conjunto entre estúdios terceirizados que cooperam com as fabricantes de consoles, continua basicamente a mesma.

hoje, de sua fabricante restou pouco. a que foi a pioneira e uma das maiores empresas de game um dia, está em dificuldades financeiras e corre para distribuir seus poucos títulos. os tempos mudaram, mas uma coisa é certa: os jogos da atari continuam lembrados e inspirando outros jogos 30 anos após seu lançamento, feito que outras poucas empresas conseguiram e conseguirão.