Saturday, March 01, 2008

disco revisitada

quer novidade na seara pop atual? esqueçam os ingleses e suas produções em série de rock bands com muito hype, muita pose e pouca substância. esqueçam também os emos e os rappers... os primeiros não passam de chorões metidos a punks (ainda que, provavelmente pelo som que produzem, nunca tenham ouvido uma banda do gênero na vida) , e os segundos são os poseurs dos nossos tempos - a diferença é que , há vinte anos atrás, os hardrockers posavam com maquiagem e mulheres , e os 'niggas' de hoje com carros e manos... e as garotas? precisam que uma winehouse surja para tirá-las da assepsia e do bom-mocismo musical. com panorama tão desfavorável , é de se espantar que a música mais criativa produzida hoje em dia venha da américa ultraconservadora de bush, mais precisamente das mãos e cérebros novaiorquinos do selo DFA , na verdade um grande conglomerado de artistas que deram a revigorada que a cena pop necessitava, via punk/disco/eletrônica/pop e o que mais vier e der na telha, capitaneados por james murphy, líder do não menos que genial LCD soundsystem. de tanto apostarem nas fórmulas e elementos certos, essa turma estabeleceu um padrão de qualidade, o 'som DFA'.
não por acaso, já desponta como um dos principais lançamentos do ano mais uma cria do selo, o hercules & love affair , na verdade um coletivo capitaneado pelo DJ e produtor andy butler, que traz como colaboradores anthony 'and the johnsons' hegart e mesmo uma design de jóias , kin ann , fazendo vocais na balada downtempo 'iris'.
mistura é o ponto forte do álbum... quer baixo à la chic? quer beats de acid-house? quer timbres electropop? quer guitarras de funk e soul? quer atitude rock? tem para todos os gostos , apesar de ligeira queda para a disco music, provável maior inluência do combo. o álbum começa dando pistas falsas com o instrumental eletrônico esparso, a levada lenta e os vocais de inflexão soul de hogart ('time will'). mas a impressão se dissipa logo na faixa seguinte , 'hercules theme' , que poderia muito bem ter sido lançada pelo chic no fim dos anos 70, pontuada por baixo marcante e riffs de violino(!!!) e trompete. 'you belong' é acid house detroitano safra 1989 que mataria kevin saunderson de inveja. 'blind' -e sua linha de baixo disco cavalar- é o ápice do álbum , e desde já candidata a uma das melhores músicas do ano (apesar de ter sido lançada como single de estréia ano passado). 'this is my life' e 'true false fake real' trazem de volta o ar soft e blasé da disco music do início dos anos 80, recheadas com melodias e refrões que grudam de primeira.
resumo da história : apesar do evidente foco na disco music, o hercules & love affair consegue fazer com o gênero algo inimaginável - tirá-lo de eventuais guetos gays (onde normalmente está classificado), agregar influências e transformar tudo em algo descompromissado, anárquico e espontâneo, sem forçar...
disco punk rules!

9 comments:

Mo said...

criatividade não depende de estilo musical , depende de quem toca e compõe.Quando surge uma coisa diferente, criativa.. Todos começam a copiar, adaptar ao gosto das pessoas, e fica banalizado. :/ abraços

http://foipararnanett.blogspot.com/

MãE dE QuEm?? said...

criatividade não depende de estilo musical , depende de quem toca e compõe[2]

Natália Coelho said...

Não entendo nada de musica,so escuto,gostei,gostei,não gostei,não gostei(válido para todos os estilos imagináveis).

bjo

Marco Antonio Araujo said...

Acho que você exagerou um pouco ao falar de outros estilos musicais. Não que eu goste de emocore ou hip hop... mas a maneira como você se referiu a eles foi meio desmerecedora.

Buda Verde said...

um pouco exagerado.
apesar também achar "emo" e esse "panques" e hardcore que anda sendo feito é uma m...

RENATO BIAO said...

marco antonio, nada tem de desmerecedor no meu post...é a verdade mesmo .
antigamente o emo era um termo usado para designar bandas como husker du e dashboard confessional...as letras tinham substância e conteudo realmente.hoje estão mais preocupados com o modelito e o som é extremamente comercial-dá pra saber onde começa e como termina, de tão óbvio.
o rap a mesma coisa...na início da década de 90 o estilo era sinônimo de protesto e consciência social.e algum humor.
com o advento do gangsta rap, de 96 em diante, a temática foi trocada por brigas entre gangues, desvalorização feminina e ostentação financeira.isso inclusive levou alguns rappers a serem assassinados.nada contra quem faça- se tiver senso de humor,como o eminem, q não se leva a sério, qm sabe - mas a evolução sonora não acompanha, as mesmas levadas , os mesmos samples de g-funk, a produçaõ padronizada...

Unknown said...

Apesar dos exageros, eu concordo com o argumento de que o som emo, atualmente, está mais comercial.

Melhor dizendo, mais fútil.

RENATO BIAO said...

...e o pior: meu comentário sobre a mesmice da cena pop atual desviou totalmente o foco do post.

Anonymous said...

Gostei do blog!!!
Mas... pão de queijo engorda sim!!! Ou pelo menos engorda quem o come...rs....
Apareça mais vezes!!!